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O Vale do Jequitinhonha, localizado no sertão mineiro, foi durante muito tempo reconhecido pela seca e pobreza. Há alguns anos, porém, essa realidade mudou. Hoje a região é conhecida como o lugar onde surgiu um dos grandes expoentes do artesanato brasileiro: as bonecas do Vale do Jequitinhonha. Pelo mesmo motivo, o Vale é um dos lugares para viajar preferidos para quem quer conhecer um dos muitos Brasis dentro do Brasil.

 

Mas qual o motivo de uma região marcada pela vida dura no sertão ter se tornado um polo de artistas extremamente criativas? A história remonta há muitos e muitos anos, mais precisamente à primeira metade do século passado. Por conta das dificuldades em arrumar trabalho na região do Jequi, os homens da região eram obrigados a deixar as famílias e emigrar para outras regiões (especialmente São Paulo) em busca de emprego.

 

Quem ficava na região, nas cidades de Turmalina e Minas Novas por exemplo, eram as mulheres e crianças. E aí o que fazer? Era preciso encontrar uma solução para gerar renda e manter a família viva e alimentada. A saída encontrada foi no (talvez) único recurso abundante do Vale do Jequi: a terra seca.

 

Da necessidade apareceram as habilidades artísticas; do barro veio a arte. No início da manifestação cultural as mulheres da região faziam peças utilitárias. Eram potes, vasilhas e panelas que eram trocadas por alimentos em feiras da região. Foi exatamente desta forma que as mulheres começaram a liderar as famílias e mostrar ao mundo todo o dote artístico existente no sertão de Minas Gerais.

 

No início dos anos 70 a arte do Jequi mudou de patamar. As artesãs deixaram de fazer apenas peças utilitárias e começaram a desenvolver outras peças, como animais e as famosas bonecas do Vale do Jequitinhonha. Desde esta época elas colocavam um pouco da vida delas na arte – suficiente para transformar a cerâmica do Jequi e deixá-la com características únicas.

 

Uma das pioneiras nessa migração para bonecas foi dona Izabel Mendes da Cunha. A história dela representa bem como funciona a dinâmica das mestres-ceramistas do Jequi, passando conhecimento de geração em geração. Ela aprendeu com a mãe e serviu de espelho para que a filha continuasse com a arte.

 

Por conta da história de emigração dos maridos, as artistas da região receberam popularmente o apelido de Viúvas de Marido-Vivo ou Viúvas da Seca. Usando toda a criatividade possível, conseguiram fazer uma arte única. Entre todos os lugares para viajar existentes no mundo, ela só pode ser encontrada em um lugar: no Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais.

 

Hoje, a situação social e econômica mudou um pouco em toda a região. Atualmente os maridos das Viúvas da Seca ficam em casa ao invés de procurarem emprego em outras cidades. E ainda ajudam na produção das bonecas.

 

Como diz o ditado popular, “da terra seca onde não nasce nem um pau de flor, começaram a brotar bonecas de barro”. E por conta da rica história de vida e do artesanato único, a Vale do Jequi vem se tornando um destino cada vez mais procurado para quem gosta de história e para quem quer conhecer um importante celeiro artístico e inventivo do Brasil.

 

Se antes você pensava que, entre tantos lugares para viajar, porque iria escolher o Jequi, a resposta agora está mais clara. Não é mesmo? Com tanta história da verdadeira cultura popular brasileira, a região tem roteiros que são um prato cheio.

 

Hoje é possível viajar até as comunidades (próximas à cidade de Diamantina, eleita Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco); conhecer de perto um dos muitos Brasis dentro do Brasil; dormir da casa de mestres-ceramistas. E ainda colocar a mão na massa e fazer suas próprias peças de barro. Se tiver dons artísticos, quem sabe até mesmo aprender a fazer as famosas bonecas do Vale do Jequitinhonha?

 

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