O Brasil é um país de dimensões continentais, que abriga culturas e pessoas diversas, paisagens incríveis, extensas áreas de natureza protegidas e, infelizmente, muitas desigualdades sociais. Apesar do tamanho e da diversidade de atrativos, ainda recebemos poucos visitantes internacionais (6,5 milhões visitaram o país em 2017) e contamos com um turismo interno que sofre com a economia desaquecida. Desde que o Brasil começou a despertar o olhar dos viajantes, apenas alguns destinos centralizaram a atenção. Até pouco tempo, falar de Brasil era falar de Rio de Janeiro e São Paulo, ou no máximo Foz do Iguaçu e Salvador.
Aos poucos, e com a ajuda dos estrangeiros, outros destinos, como a Amazônia, Pantanal e Bonito, foram ganhando destaque. O país ficou conhecido como um dos melhores para ecoturismo e turismo de aventura e outras regiões começaram a receber os benefícios da atividade. Várias comunidades têm conseguido voltar sua economia para o turismo, ainda que, em muitos lugares, ele tenha crescido de forma insustentável. Em um país onde um quarto da população vive em situação de pobreza, o turismo responsável no Brasil pode ser uma ferramenta de transformação positiva e assim tem sido em algumas comunidades.
Viajar pelo Brasil nem sempre é fácil, nós sabemos. Mas com algumas informações em mente, você pode se tornar um viajante consciente que incentiva o turismo responsável no Brasil e a valorização da cultura brasileira.
Confira algumas das nossas dicas:
A Amazônia não é uma só
É importante saber que a Amazônia brasileira tem 5,5 km2 e ocupa não só o estado do Amazonas, mas também o Pará, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e parte dos estados do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Além de ser a maior floresta tropical e maior reserva de biodiversidade do planeta, a Amazônia abriga 12,3% da população brasileira (Estimativa IBGE 2004) e cada região é diferente em suas paisagens e cultura. Escolha com cuidado o que você quer visitar e lembre-se que a luta contra o desmatamento da Amazônia é de todos nós!
Confira nossos roteiros pela Amazônia: Alter do Chão, Pará, Presidente Figueiredo, Reserva Mamirauá
Turismo em comunidades
Atividades de turismo em comunidades do Rio de Janeiro e São Paulo já são tradição no Brasil. Afinal, elas já são parte da cidade. Mas é muito importante saber diferenciar um turismo que explora a pobreza de um que valoriza e beneficia pessoas. Em nossos roteiros pelo Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro, fazemos questão de trabalhar com guias e projetos sociais locais e com o cuidado de valorizar e integrar a comunidade. Fuja dos famosos “favela tours”, onde você não interage com nenhum morador local e não deixa nenhum benefício financeiro por lá! Mas não deixe de visitar essas comunidades e conhecer de perto sua efervescência cultural e seus moradores
Visitando aldeias indígenas
No Brasil vivem mais de 860 mil indígenas de 240 povos diferentes. Embora grande parte do país ainda ignore sua existência, eles lutam diariamente por direitos a terra e à preservação de sua cultura. Aos poucos, algumas aldeias têm acompanhado o desenvolvimento do turismo como alternativa para geração de emprego e renda. Se você decidir visitar uma comunidade indígena, é muito importante entender que eles estão lá para nos apresentar a cultura e tradições deles e não para se adaptarem às nossas. Na maioria das vezes, as condições de acomodação e atividades são do jeito indígena de ser: redes, barcos e muito contato com a natureza.
Cultura afro-brasileira
Assim como os índios, a população negra faz parte da história de lutas e preconceito e, principalmente, da cultura brasileira. Segundo o IBGE, mais da metade da população (54%) é de pretos ou pardos, sendo que a cada dez pessoas, três são mulheres negras. Ainda lutando por representatividade, os negros são responsáveis por marcos incríveis da nossa cultura, como o samba, a capoeira, o bumba-meu-boi, o jongo, o maracatu, o frevo, o carimbó, o acarajé, a feijoada e tantos outros. Ainda resistem no Brasil alguns quilombos, onde é possível visitar e conhecer de perto a cultura quilombola. Em Paraty, no Rio de Janeiro, o quilombo do Campinho da Independência é um dos mais antigos do país e recebe visitantes com roteiros etno-ecológicos. Na Bahia, o núcleo de Turismo Étnico Rota da Liberdade é formado por representantes de comunidades remanescentes quilombolas que estão na região da Baía de Iguape, a 1h30 de Salvador. Há ainda quilombos em Sergipe, Goiás, São Paulo, e em todos os estados você vai encontrar memórias e raízes afro-brasileiras. Basta procurar!
Ecoturismo com segurança
Com uma natureza tão diversa, o Brasil é um lugar incrível para fazer ecoturismo. Do trekking ao mergulho, do rafting ao banho de cachoeiras, temos atividades para todos os gostos. Na maioria dos lugares, a consciência de que precisamos preservar a natureza para continuar usufruindo dela prevalece. Mas cabe a você também fazer sua parte. Respeite sempre as orientações em parques nacionais e outras unidades de conservação e evite fazer qualquer atividade na natureza sozinho, sem um instrutor ou guia, para garantir sua segurança e o cuidado com o local.
Observação de animais
O turismo de observação de animais também tem ganhado espaço no país, com avistamento de baleias, onças-pintadas, aves e muito mais. O avistamento feito a distância e com os devidos cuidados é uma experiência de turismo responsável no Brasil que todos devem vivenciar. Ele é uma das atividades mais buscadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas. Cuidado para não entrar na onda das selfies com animais. Animais silvestres não nasceram para interagir com pessoas. Faz mal para eles e pode ser um risco para nós. Você não precisa nadar ao lado de um boto rosa na Amazônia se apaixonar por ele!